Lerei os poetas ...
Lerei os poetas
com a efémera saúdade
de quem sonha o infinito
para além dos horizontes do mar
sorvendo cada lamento ou graça
das palavras
que deles recebo
prós dicionários da alma
que vão ganhando uma cor esbatida
no tempo do pensamento
ou da demora
procurando assim o sabor do absinto
das imagens perdidas
em cada morte do poema
feito memória exacta
ou loucura da miragem ...
Assim baptizarei os sentidos
com os pontos cardiais
dos seus caminhos
multiplicando mundos
que neles conheço
para vivenciar os percursos
dos seus e meus testemunhos
dourando auréolas solares
do tão apetecido fruto
da criação
com a maresia sonâmbula
das estrofes
na página dos elementos
da Terra
e assim escrevo o simples
e o dizível primordial
que alimentam o nomear da vida
como flôr
estrela do mar
pedra dos areais
na soletra de um Deus maior ...